Valdemar aciona Temer por agenda com Alexandre de Moraes para retomar contato com Bolsonaro
07-11 HaiPress
Da esquerda para a direita: o dirigente nacional do PL,Valdemar Costa Neto; o ministro do STF Alexandre de Moraes e o ex-presidente Jair Bolsonaro — Foto: Fotos de Cristiano Mariz/O Globo,e Domingos Peixoto/O Globo e Brenno Carvalho/O Globo
O presidente nacional do PL,Valdemar Costa Neto,deve se reunir no começo de agosto com o ministro Alexandre de Moraes,do Supremo Tribunal Federal (STF),relator dos principais inquéritos que vêm fechando o cerco contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados.
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A agenda foi intermediada pelo ex-presidente Michel Temer (MDB),responsável pela indicação de Moraes ao Supremo em 2017.
Segundo a equipe da coluna apurou,um dos principais temas que devem ser discutidos no encontro entre o ministro e Valdemar é a decisão do magistrado de proibi-lo de manter contato com Bolsonaro,em vigor desde fevereiro deste ano.
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Para Valdemar,a manutenção da decisão com a proximidade das eleições municipais inviabiliza as costuras políticas do PL,que tem no ex-presidente seu principal cabo eleitoral.
Veja os alvos da operação que mira Bolsonaro e aliados
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Filipe Martins,ex-assessor especial de Bolsonaro,é alvo de mandado de prisão — Foto: Divulgação
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Marcelo Câmara,coronel do Exército,é alvo de mandado de prisão — Foto: Reprodução
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Bernardo Romão Corrêa Netto,coronel do exército,é alvo de mandado de prisão — Foto: Centro de Preparação de Oficiais da Reserva de Porto Alegre/Facebook
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Jair Bolsonaro é alvo de medidas restritivas — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo
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Valdemar Costa Neto,presidente do PL,está entre os alvos de busca e apreensão e medidas cautelares — Foto: Beto Barata/PL
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Braga Netto,ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro em 2022,é alvo de busca e apreensão e medidas cautelares — Foto: Foto de arquivo
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O ex-ministro Augusto Heleno,é alvo de busca e apreensão e medidas cautelares — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo/26-09-2023
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Augusto Heleno,ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); também é alvo de busca e apreensão e medidas cautelares — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo/14-07-2022
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O ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos; alvo de busca e apreensão e medidas cautelares — Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
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Arnaud,ex-assessor de Bolsonaro e considerado um dos pilares do chamado "gabinete do ódio",é alvo de busca e apreensão e medidas cautelares — Foto: Reprodução
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Amauri Feres Saad,advogado citado na CPI dos Atos Golpistas como "mentor intelectual" da minuta do golpe encontrada com Anderson Torres
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Angelo Martins Denicoli,major da reserva do Exército
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José Eduardo de Oliveira e Silva,padre da diocese de Osasco
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Mario Fernandes,comandante que ocupou cargos na Secretaria-Geral e era tido como homem de confiança de Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/Presidência
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Antes da operação Tempus Veritatis da Polícia Federal,que mirou Bolsonaro,Valdemar e outros aliados apontados pelas investigações como integrantes de uma trama golpista para impedir a posse de Lula,o dirigente partidário tinha o objetivo de eleger mais de mil prefeitos nas eleições de outubro.
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Até o momento,os dois têm utilizado parlamentares do PL como intermediários para trocar informações sobre assuntos da agenda partidária,como as definições das chapas.
Valdemar foi alvo da operação porque a PF viu elementos de que a estrutura do partido foi usada para ajudar na confecção da minuta golpista que implementaria um golpe contra Lula – e o procurador-geral da República,Paulo Gonet,informou haver indícios da participação de Valdemar no “sistema delituoso que se apura”.
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Ele chegou a ser preso na ocasião por porte ilegal de arma de fogo e foi solto três dias depois. Mas está desde então impedido de entrar em contato com Bolsonaro,que mantém um escritório na sede nacional do PL em Brasília,assim como o dirigente.
Conforme informou a equipe do blog em junho,as restrições judiciais levaram os dois a adotarem uma escala de trabalho alternada para evitar que estejam no mesmo ambiente.
As salas de Valdemar e de Bolsonaro ficam no mesmo andar de um centro empresarial no centro de Brasília,mas possuem entradas diferentes. É como se fossem duas propriedades diferentes no mesmo andar,sem nenhum tipo de comunicação entre os dois ambientes.
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Mesmo assim,Valdemar e Bolsonaro têm buscado se revezar nas idas aos seus respectivos escritórios,para impedir o risco de se encontrarem por acaso na garagem ou no elevador e serem flagrados por alguma câmera ou testemunha.
Quando os dois são obrigados a cumprir algum compromisso por ali no mesmo dia,porém,o PL tem que improvisar.
Na ocasião,a equipe da coluna apurou que Valdemar já foi obrigado a alugar uma sala em um outro prédio do mesmo centro empresarial,quando soube que Bolsonaro estava despachando no escritório.
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O presidente do PL também procurou chegar mais cedo nas manifestações pró-Bolsonaro na Avenida Paulista,em São Paulo,e na Praia de Copacabana,no Rio,realizadas no primeiro semestre. Após cumprimentar aliados,ele deixou o local antes da chegada do ex-ocupante do Palácio do Planalto.
Articulação de Temer
A costura para uma agenda entre Valdemar e Alexandre de Moraes,tido pelos bolsonaristas como inimigo,coube a Michel Temer. Mas não é a primeira vez que o ex-presidente articula a favor de investigados.
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Como publicamos no blog em março do ano passado,Temer atuou para que Moraes suspendesse o afastamento do governador do Distrito Federal,Ibaneis Rocha (MDB),do cargo por omissão diante da intentona bolsonarista em Brasília em 8 de janeiro de 2023,que culminou invasão das sedes dos Três Poderes por golpistas.
Inicialmente afastado por 90 dias,Ibaneis voltou ao comando do Palácio do Buriti 66 dias após a decisão do ministro do Supremo,assinada no fim da noite dos ataques.
Além de filiados ao MDB,tanto Temer quanto o governador são advogados. Na ocasião,um parlamentar influente da bancada do partido resumiu a articulação do ex-presidente: “companheiro ajuda companheiro”.
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Em setembro de 2021,Michel Temer também intermediou uma conversa entre Alexandre de Moraes e outro político encrencado: o então presidente Bolsonaro,que havia ameaçado o Supremo e xingado o ministro no feriado da independência daquele ano diante de multidões em Brasília e São Paulo.
Na época,o próprio Temer relatou à imprensa ter intermediado uma conversa telefônica entre Bolsonaro e Alexandre de Moraes.
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Os dois ex-presidentes da República mantêm uma relação de proximidade. Temer,que passou a faixa para Bolsonaro,disse à Revista Época em 2018 ter votado nele para sucedê-lo no Planalto.
Em 2020,chegou a ser nomeado por Bolsonaro como chefe de uma missão humanitária do Brasil no Líbano,onde centenas de pessoas morreram e milhares foram feridas por uma explosão acidental de proporções gigantescas na capital,Beirute.
Como se vê a partir da articulação para que Valdemar se encontre com Alexandre de Moraes,Temer segue plenamente engajado em prestar favores a Bolsonaro.