Com quebra de safra e dólar alto, café se torna o 'novo azeite'
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Café levemente torrado apresenta benefícios — Foto: Unsplash
RESUMO
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Preço do café dispara com quebra de safra e dólar alto
Em meio à quebra de safra e dólar alto,o preço do café disparou,tornando-se o 'novo azeite'. Com aumento de 17,6% só este ano,o Brasil e o Vietnã enfrentam desafios na produção. Aumento nas cotações internacionais e alta no atacado pressionam consumidor,que já sente impacto nos preços e reduz consumo. Com perspectiva de mais alta,Café segue em ascensão.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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Com a alta forte no preço do café este ano,a bebida já pode ser considerada o novo azeite,com o quilo custando entre R$ 40 e R$ 50 em média. O café chegou a ficar mais barato nos supermercados no ano passado,mas os preços voltaram a subir,chegando perto do azeite,cuja a garrafa de meio litro está em torno de R$ 40.
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A combinação de safra ruim no Vietnã e no Brasil,os dois maiores produtores globais,alta do dólar e a perspectiva de que a seca histórica por aqui afete ainda mais a colheita nos próximos meses,fez as cotações do grão do café subirem com força no mercado internacional.
Para o consumidor,só este ano,o preço do pó de café até agosto teve alta de 17,65%,bem acima da inflação do período de 3,02%. Com isso,mesmo considerando que em 2023 houve queda nos preços,o café quase dobrou de preço (90%) desde o início de 2020.
Raios X da commodity — Foto: Editoria de Arte/O Globo
Alta no atacado
Caio Martine,gerente de inteligência de mercado da Scanntech,afirma que a alta nos preços foi influenciada por chuvas intensas no Vietnã. Os importadores de café vietnamitas buscaram então o grão brasileiro. Os produtores nacionais,por sua vez,priorizaram o mercado externo diante de um câmbio mais favorável:
— A partir de outubro do ano passado,o preço do (café no) Vietnã aumentou muito. Isso impacta diretamente no nosso consumo.
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O Brasil responde por 39,7% da produção global de café,o Vietnã,por 16,5%,segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA. O terceiro maior produtor,a Colômbia,tem peso bem menor,de 7%.
O estudante Aerton Menezes conta que trocou o pacote de 500g de café pelo de 250g diante do aumento de preço.
— Reduzi o consumo em casa e agora tomo mais no trabalho.
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E o produto vai continuar encarecendo,diante da alta no atacado. O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP,que acompanha os preços das sacas de café nas principais regiões produtoras do país,constatou um recorde nas cotações do grão em março,que vem se renovando desde então.
No mês passado,o preço chegou a R$ 1.483,95 por saca de 60 quilos do tipo robusta,alta de 47% só este ano e o novo patamar mais alto já registrado pelo Cepea desde o início da série,em 2001.
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O café do tipo arábica também está em alta e chegou a R$ 1.448,24 por 60 quilos. O Cepea destaca,em relatório,que as chuvas no Brasil têm sido aquém do necessário para o cultivo de café desde abril.
O café consumido no Brasil é uma mistura entre as principais variedades do grão. Em média,com dois terços de arábica e um terço de robusta.