Rússia intensifica execução de prisioneiros de guerra, e casos são investigados na Ucrânia, diz jornal
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Militares ucranianos próximos a base em Donetsk — Foto: YASUYOSHI CHIBA / AFP
RESUMO
Sem tempo? Ferramenta de IA resume para vocêGERADO EM: 22/12/2024 - 10:10
Rússia executa prisioneiros de guerra ucranianos: investigações revelam casos chocantes. Presidente ucraniano divulga baixas,Trump pede paz.
A Rússia intensifica execuções de prisioneiros de guerra ucranianos,investigações revelam casos chocantes de soldados mortos. A violação do direito humanitário internacional levanta preocupações sobre crimes de guerra. Presidente ucraniano divulga números de baixas,enquanto EUA e analistas estimam números ainda mais elevados. Trump pede cessar-fogo e negociações de paz. (Resumo: 298 caracteres)O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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O atirador ucraniano Oleksandr Matsievsky foi capturado por russos no primeiro ano da guerra,iniciada em fevereiro de 2022. Posteriormente,surgiu um vídeo em que ele aparece fumando seu último cigarro em uma floresta,aparentemente ao lado de uma cova que ele foi forçado a cavar. Na gravação,é possível ver o momento em que ele diz “glória à Ucrânia” aos seus captores. Momentos depois,ouvem-se tiros,e ele cai morto.
Veja vídeo: Ataque com drones ucranianos atinge prédio residencial de 37 andares e causa explosões na Rússia‘Duelo’ de mísseis contra os EUA? O que se sabe sobre a arma hipersônica Oreshnik,já usada contra a Ucrânia
Sua execução não foi a única. Em outubro deste ano,nove soldados ucranianos capturados foram supostamente mortos a tiros por forças russas na região de Kursk,de acordo com a rede britânica BBC. Promotores ucranianos estão investigando o caso,incluindo uma foto que mostra corpos seminus no chão. Essa foto foi suficiente para que uma das vítimas fosse identificada por seus pais.
— Eu o reconheci pela roupa íntima — disse sua mãe à agência de notícias ucraniana Suspilne Chernihiv. — Comprei para ele antes de uma viagem ao mar. Também sabia que seu ombro foi atingido por um tiro. Isso era visível na foto.
Autoridades da Ucrânia estão investigando relatos de decapitações e o uso de uma espada para matar um soldado ucraniano que teve as mãos amarradas nas costas. Em outro caso,um vídeo mostrou 16 soldados ucranianos aparentemente alinhados e,em seguida,fuzilados com disparos automáticos após emergirem de uma floresta para se render. Algumas das execuções foram filmadas pelas próprias forças russas,enquanto outras foram registradas por drones ucranianos.
Relembre: Ucrânia acusa a Rússia de executar soldados que se renderam e menciona ‘crime de guerra’
Segundo a BBC,os assassinatos de que se tem registro geralmente ocorreram em florestas ou campos sem características distintivas,o que dificulta a confirmação do local exato. No entanto,a rede britânica conseguiu confirmar,em vários casos — inclusive uma decapitação — que as vítimas usavam uniformes ucranianos e que os vídeos eram recentes. Dos 147 prisioneiros de guerra ucranianos executados pelas forças russas desde o início da guerra,segundo Kiev,127 foram mortos neste ano.
— A tendência crescente é muito clara,muito óbvia — disse à BBC Yuri Belousov,chefe do Departamento de Crimes de Guerra da Procuradoria-Geral da Ucrânia. — As execuções se tornaram sistemáticas a partir de novembro do ano passado e continuaram neste ano. Isso mostra que não são casos isolados. Existem claros sinais de que são parte de uma política. Há evidências de que instruções nesse sentido estão sendo emitidas.
O direito humanitário internacional,em especial a Terceira Convenção de Genebra,oferece a proteção de civis e responsabilização dos Estados em épocas de conflito — e executá-los é considerado um crime de guerra. Apesar disso,Rachel Denber,da Human Rights Watch (HRW),sustenta que “não faltam evidências” para indicar que prisioneiros de guerra ucranianos estão sendo executados por tropas russas.
— Quais instruções essas unidades recebem,formal ou informalmente,de seus comandantes? Seus comandantes estão sendo claros sobre o que as Convenções de Genebra dizem sobre o tratamento de prisioneiros de guerra? Quais medidas estão tomando para investigar esses casos? E,se os superiores não estão investigando ou não estão tomando medidas para evitar essa conduta,estão cientes de que também são criminalmente responsáveis e podem ser responsabilizados? — questionou.
‘Não conta como crime de guerra se você se divertiu’: Dentro da mente de soldados russos
Até agora,não há nada que sugira que a Rússia esteja formalmente investigando as alegações de execuções de prisioneiros de guerra ucranianos,publicou a BBC. Segundo o presidente russo,Vladimir Putin,suas forças têm tratado prisioneiros de guerra ucranianos “de acordo com documentos legais e convenções internacionais”. Apesar disso,a HRW aponta que,desde o início do conflito,o Exército russo cometeu “uma série de violações,incluindo aquelas que devem ser investigadas como crimes de guerra ou crimes contra a Humanidade”.
As forças ucranianas também foram acusadas de executar prisioneiros de guerra russos,mas o número de tais alegações é bem menor,segundo o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (ACNUDH).
Baixas na Ucrânia
No início do mês,o presidente ucraniano,Volodymyr Zelensky,afirmou que 43 mil soldados ucranianos foram mortos e 370 mil ficaram feridos desde o início da invasão em larga escala pela Rússia,há quase três anos. Foi a primeira vez em meses que ele divulgou números sobre baixas militares,um tópico altamente sensível na Ucrânia,especialmente enquanto as forças de Kiev perdem mais território para as tropas russas.
A contagem apresentada pelo líder ucraniano não pôde ser verificada de forma independente e difere significativamente das estimativas de autoridades americanas e analistas militares,que apontam números bem mais altos. Em agosto de 2023,autoridades dos EUA afirmaram que quase 70 mil soldados ucranianos haviam sido mortos,um número que provavelmente aumentou desde então.
Também no início deste mês,Yuri Butusov,um jornalista ucraniano com fortes laços com o Exército,compartilhou uma estimativa semelhante,acrescentando que 35 mil soldados estão desaparecidos.
Imagens da Guerra na Ucrânia ganham destaque em prêmio internacional de fotojornalismo
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Eleita a foto do ano por concurso internacional,imagem mostra uma mulher dentro de um trem; ela chora e toca o vidro ao despedir-se do marido,convocado para lutar na guerra na Ucrânia — Foto: Salwan Georges/Siena International Photo Awards
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Registro do húngaro András D. Hajdú,a imagem ficou em primeiro lugar no concurso. Ela mostra um garoto de 13 anos ouvindo um discurso do presidente ucraniano Volodymyr Zelenski em meio a multidão — Foto: Andras D. Hajdu/Siena International Photo Awards
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A segunda colocada foi para a fotografia “Trabalho Infantil no Afeganistão”,do fotógrafo italiano Weiken Oliver. Nela,um menino que trabalha em uma mina de carvão informal está posicionado na entrada do local — Foto: Weiken Oliver/Siena International Photo Awards
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Já em terceiro lugar ficou a imagem “Sem Esperança”,do espanhol Alvaro Herrero López Beltrán. A foto mostra uma baleia jubarte presa em uma bóia,incapaz de se mover e “enfrentando uma morte lenta e dolorosa” — Foto: Alvaro Herrero López Beltrán/Siena International Photo Awards
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“Olena Curillo: Face da Guerra da Ucrânia”,do americano Wolfgang Schwan. Nela,uma mulher aparece em estado de choque e coberta de sangue depois que seu complexo de apartamentos foi atingido por um míssil russo — Foto: Wolfgang Schwan/Siena International Photo Awards
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Outra menção honrosa foi para “Conflito na Ucrânia”,do francês Kiran Ridley. Nela,a mãe de um jovem soldado lamenta a morte do filho durante funeral realizado em abril do último ano em Lviv — Foto: Kiran Ridley/Siena International Photo Awards
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“Mulheres ucranianas no meio da guerra”,de Emin Sansar. Na imagem,uma mulher ucraniana idosa é resgatada — Foto: Emin Sansar/Siena International Photo Awards
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“Ataque russo à estação ferroviária de Kramatorsk”,de Andrea Carrubba. Nela,uma mulher ferida e com o rosto sangrando aparece de joelhos cercada por mortos e gravemente feridos em uma estação ferroviária — Foto: Andrea Carrubba/Siena International Photo Awards
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Zelensky também observou que cerca de metade dos soldados feridos retornaram ao campo de batalha após o tratamento. Isso sugere que a Ucrânia sofreu cerca de 230 mil perdas irreparáveis,incluindo mortos e aqueles permanentemente incapacitados por ferimentos.
As declarações de Zelensky foram feitas poucas horas depois de o presidente eleito dos Estados Unidos,Donald Trump,afirmar que a Ucrânia havia perdido 400 mil soldados,sem especificar o número de mortos ou feridos. Trump também disse que as baixas da Rússia estavam próximas de 600 mil soldados,argumentando que o alto custo da guerra ressaltava a necessidade de um cessar-fogo imediato e do início de negociações de paz. (Com New York Times)