Primeiro grupo de venezuelanos deportados dos EUA chega a Caracas; Maduro fala em 'passo favorável e positivo'
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Conviasa,empresa estatal de aviação criada pelo ex-presidente Hugo Chávez — Foto: Divulgação
RESUMO
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Venezuela retoma voos de repatriação com os EUA
A Venezuela retoma voos de repatriação dos EUA após suspensão,deportando cidadãos com ordens de deportação,incluindo supostos criminosos. Maduro busca 'novo começo' com os EUA,libertando americanos presos. Relações diplomáticas entre os países estremecidas desde 2019. Trump promete maior campanha de deportação da história. Suspensão do status de proteção temporária para venezuelanos nos EUA gera controvérsia.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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A Venezuela anunciou nesta segunda-feira que dois aviões de sua companhia aérea estatal,vindos dos Estados Unidos transportando um grupo de cidadãos com ordens de deportação,chegaram a Caracas,nos primeiros voos do tipo sob o novo governo de Donald Trump na Casa Branca.
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O anúncio sobre as viagens,feito enquanto as aeronaves estavam no ar,aconteceu dez dias depois de uma reunião em Caracas entre Richard Grenell,enviado especial do americano,com o presidente venezuelano,Nicolás Maduro. Desde o primeiro semestre do ano passado,todos os voos de repatriação vindos dos EUA haviam sido suspensos pelo governo venezuelano.
De acordo com a imprensa local,duas aeronaves da estatal Conviasa do modelo Embraer 190,com capacidade para 104 passageiros cada,aterrissaram no Texas nesta segunda-feira para iniciar a repatriação. O plano acordado entre os dois governos recebeu o nome de "Retorno à Pátria" — slogan que veio estampado nos aviões.
“Dois aviões estão se dirigindo ao solo venezuelano (...) para transferir de volta ao nosso território compatriotas migrantes que estavam nos Estados Unidos”,disse um comunicado oficial. Inicialmente,o governo não comunicou quantas pessoas estavam na lista. Horas depois,porém,Maduro afirmou que 190 cidadãos integravam o primeiro grupo de deportados.
Por volta das 21h pelo horário local,22h pelo horário de Brasília,as aeronaves pousaram no aeroporto internacional Simón Bolívar,que serve a capital,Caracas. Em declarações divulgadas pela imprensa estatal,Maduro afirmou que esse "foi um passo favorável e positivo",e que ele aposta na "construção" de relações de "respeito,comunicação e entendimento" com os EUA.
— Eu disse a eles que esse esforço tem a ver com o retorno deles (cidadãos que retornaram à Venezuela) ao seu país para trabalhar pela Venezuela,para construir esta pátria — disse,citado pela rede Telesur,o ministro do Interior,Diosdado Cabello.
Segundo o governo,entre os deportados estão supostos criminosos ligados à temida gangue Trem de Aragua,designada como organização terrorista em um dos primeiros atos do novo mandato de Trump. Caracas,por sua vez,afirma que o grupo foi desmantelado em 2023,após a tomada do presídio de Tocorón,unidade prisional que era administrada pela gangue.
“A Venezuela sempre deixou claro que qualquer transferência de venezuelanos deve ser feita com absoluto respeito à sua dignidade e aos direitos humanos”,continuou o texto. “Portanto,fizemos a proposta de que teríamos aviões venezuelanos disponíveis para buscar e transferir os migrantes que estão retornando à sua terra natal hoje.”
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Racha entre EUA e Venezuela
A Venezuela não mantém relações diplomáticas com Washington desde 2019,quando a Casa Branca reconheceu o então líder da Assembleia Nacional,Juan Guaidó,como presidente inteiro do país depois de a oposição ter boicotado as eleições presidenciais venezuelanas um ano antes.
No ano passado,o Departamento de Estados dos EUA reconheceu a vitória do opositor venezuelano Edmundo González na eleição presidencial,acusada de fraude pela oposição,liderada pela ex-deputada María Corina Machado,e por grande parte da comunidade internacional. Até hoje,o regime não apresentou as atas eleitorais que comprovariam o resultado. González,que vive no exílio em Madri,compareceu à posse de Trump,em 20 de janeiro.
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Apesar das rusgas entre os dois líderes no primeiro mandato do republicano,que endureceu as sanções contra Caracas,Maduro defendeu "um novo começo" na relação entre os países durante o encontro com o enviado especial de Trump. Em um aceno logo após a reunião,o regime chavista libertou seis americanos que estavam presos na Venezuela.
Trump prometeu realizar a maior campanha de deportação em massa da História dos EUA,mirando 11 milhões de imigrantes indocumentados,grande parte deles de nações latino-americanas.
Dias antes do encontro,Trump anunciou a suspensão do status de proteção temporária (TPS,em inglês) concedido pelo governo de Joe Biden (2021-2025) para cerca de 600 mil venezuelanos solicitantes de asilo,que os autorizava a permanecer no país por questões humanitárias. No ano passado,os venezuelanos foram a terceira nacionalidade mais apreendida na fronteira sul com o México.