Visita de aliados, almoço com Gleisi e ligação de Lula: como foi último dia de Juscelino Filho no governo
04-09 HaiPress
Silvio Costa Filho conversa com Juscelino Filho — Foto: Foto Brenno Carvalho
RESUMO
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Juscelino Filho Deixa Ministério das Comunicações em Meio a Denúncias
No último dia à frente do Ministério das Comunicações,Juscelino Filho enfrentou uma série de eventos decisivos. Ao ser informado pela imprensa sobre a denúncia da Procuradoria-Geral da República,comunicou ao presidente Lula sua saída para evitar desgastes ao governo. Em almoço com Gleisi Hoffmann e outros aliados,discutiu a situação do partido União Brasil no governo. Juscelino preparou uma carta aberta,confirmando sua saída e reiterando sua inocência,antes de deixar o ministério discretamente.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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Juscelino Filho chegou ao Ministério das Comunicações na terça-feira sem ter ideia que seria seu último dia no comando da pasta. Logo cedo,porém,soube pela imprensa que fora denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Com a confirmação de que era alvo,telefonou para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para sacramentar sua saída. O objetivo era evitar desgastes ao governo.
Leia a carta na íntegra: Juscelino Filho entrega pedido de demissão do Ministério das ComunicaçõesSucessor: Bancada do União Brasil indicará nome de Pedro Lucas Fernandes para Comunicações,diz ElmarUma a cada três meses: Saída de Juscelino Filho faz governo Lula chegar à décima troca ministerial
As últimas horas à frente do cargo foram marcadas por uma série de conversas,além de despedidas.
Após o telefonema com o presidente,Juscelino saiu mais cedo para o almoço na casa de Antônio Rueda,presidente do União Brasil,com a ministra de Relações Institucionais,Gleisi Hoffmann.
O encontro já vinha sendo combinado,a pedido de Gleisi,para discutir a situação do União Brasil no governo. A legenda é dividida em relação ao apoio do governo Lula mesmo ocupando três ministérios na Esplanada — Comunicações,Turismo e Desenvolvimento Regional — e nos últimos dias,o governador de Goiás,Ronaldo Caiado (União),lançou sua pré-candidatura a presidente.
Gleisi chegou à casa de Rueda já com a presença de Juscelino Filho,o ministro do Turismo,Celso Sabino,além do presidente do Senado,Davi Alcolumbre (União-AP) e do líder do União na Câmara,deputado Pedro Lucas Fernandes.
A saída de Juscelino foi o tema principal da conversa. O ex-ministro afirmou a Gleisi deixaria o cargo para não criar constrangimento ao governo,além de dizer que iria se concentrar em sua defesa. Também pontuou que pediria afastamento para não comprometer o trabalho à frente do ministério. Segundo interlocutores,a decisão do ministro foi "espontânea".
O presidente já havia prometido,em junho de 2024,que afastaria o ministro caso ele fosse denunciado pela PGR.
Após a notícia da denúncia vir à público,a fala de Lula da ocasião passou a circular entre celulares dos ministros,que faziam coro por uma decisão rápida do presidente.
Mesmo antes do almoço entre Juscelino e Gleisi,o ambiente para a saída do ministro já havia sido relatado por auxiliares de Lula que o acompanhavam em uma agenda em São Paulo.
Lula foi avisado da denúncia enquanto acompanhava a cerimônia de abertura da 29ª Feira Internacional da Construção Civil e Arquitetura. Encerrado o evento,quem acompanhava o petista não tinha dúvidas de que Juscelino não viraria mais um dia como ministro.
Antes de embarcar para Honduras,onde participará da 9ª Reunião de Cúpula de Chefes de Estado da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) nesta quarta-feira,a situação já estava resolvida.
Na conversa com Lula,como mostrou a coluna de Malu Gaspar,Lula argumentou que ele deveria deixar a chefia da pasta para se concentrar na sua defesa perante o STF.
Definiram que o ministro divulgaria uma carta aberta. A acusação foi apresentada à Corte,que vai decidir se torna o ministro réu. Em nota,Juscelino afirmou que é inocente e que confia no STF para rejeitar a denúncia.
De volta à sede do Ministério das Comunicações,no começo da tarde,Juscelino passou a elaborar o conteúdo da Carta Aberta,divulgada 19h17. Reuniu a equipe no seu gabinete e chamou o presidente da Telebras,Frederico de Siqueira Filho,e dos Correios,Fabiano Silva,onde justificou a decisão da saída. Falou que precisava se dedicar à sua defesa.
Ministro conversa ao telefone no dia de sua demissão — Foto: Brenno Carvalho / O Globo
No final da tarde,o entra e sai de políticos e autoridades se intensificou no Ministério. Depois de falar com a equipe,recebeu uma série de aliados,como o deputado federal Elmar Nascimento (União) e o senador Weverton Rocha Marques de Sousa (PDT-MA).
O ministro de Portos e Aeroportos,Silvio Costa Filho,foi até o gabinete de Juscelino dar um abraço e se despedido do colega. O ministro do Turismo,foi às redes sociais prestar solidariedade a Juscelino e acabou adiantando a comunicação oficial da saída do ministro,antes mesmo da divulgação da carta aberta.
"Total solidariedade ao amigo Juscelino que pediu afastamento do Ministério das Comunicações,onde exerceu um excelente trabalho. Espero que tenha a oportunidade de se defender com serenidade,provar sua inocência e seguir com sua trajetória na vida pública."
Já Elmar Nascimento,deixou o Ministério das Comunicações afirmando que Pedro Lucas será o indicado da bancada do União na Câmara para substituir Juscelino Filho,que deixou a sede do ministério ao sair pela garagem do subsolo por volta das 20h30.
Juscelino em reunião com Elmar Nascimento no Ministério das Comunicações — Foto: Brenno Carvalho / O Globo