Juiz ordena que Casa Branca restaure acesso à agência de notícias AP após polêmica envolvendo Golfo do México
04-09 IDOPRESS
Trump aponta para mapa onde se lê 'Golfo da América' enquanto fala com a imprensa após assinar ordem executiva — Foto: Jim WATSON / AFP
Um juiz dos EUA ordenou nesta terça-feira que a Casa Branca restaurasse o acesso total de jornalistas e fotógrafos da Associated Press (AP) ao Salão Oval e ao avião presidencial Força Aérea Um após o presidente Donald Trump restringi-lo em fevereiro por escrever "Golfo do México" em vez de "Golfo da América",como o republicano havia decretado.
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O juiz distrital Trevor McFadden decidiu que a "negação de acesso com base no ponto de vista" da AP viola a Primeira Emenda da Constituição dos EUA,que garante a liberdade de expressão e de imprensa.
"Se o governo abre suas portas para alguns jornalistas,seja no Salão Oval,no Salão Leste ou em outro lugar,ele não pode fechar essas portas para outros jornalistas por causa de suas opiniões",disse ele,que ordenou que a Casa Branca "revogue imediatamente a negação de acesso da AP ao Salão Oval,ao Força Aérea Um e outros espaços limitados (...) quando esses espaços forem abertos a outros membros da coletiva de imprensa da Casa Branca".
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A AP entrou com uma ação judicial contra a Casa Branca. Em uma audiência em março perante McFadden,um juiz nomeado por Trump,o advogado da AP,Charles Tobin,alegou que a agência de notícias foi vítima de "retaliação abjeta" pela Casa Branca.
Duas semanas depois de proibir a AP,a Casa Branca retirou dos jornalistas o direito quase centenário de decidir quem faz parte do grupo de repórteres e fotógrafos que cobrem eventos presidenciais.
— A Casa Branca mudou sua política para um sistema de rodízio que exclui a AP — disse Tobin.
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O advogado do Departamento de Justiça,Brian Hudak,argumentou que a Casa Branca e o próprio presidente decidem quem faz parte do grupo de imprensa.
Em seu guia de estilo,a AP observa que o Golfo do México é chamado assim há "mais de 400 anos".
"A Associated Press se referirá a ele pelo nome original,mas reconhecerá o novo nome escolhido por Trump",continua a agência de notícias.
Em um editorial,a AP explicou que o decreto de mudança de nome só tem força nos Estados Unidos,porque o México e outros países e organizações internacionais não o reconheceram.
Fundada em 1846 por jornais de Nova York,a AP fornece artigos,fotos e vídeos para vários veículos de comunicação,tanto nos Estados Unidos quanto no exterior.