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Trump põe o mundo na era da desconfiança

04-11 HaiPress

Bolsa de Tóquio: um homem observa um painel eletrônico que mostra os números de fechamento do Índice Nikkei na Bolsa de Valores de Tóquio,em Tóquio — Foto: Kazuhiro Nogi/AFP

RESUMO

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GERADO EM: 10/04/2025 - 21:07

Políticas Tarifárias de Trump Intensificam Desconfiança Global Econômica

A era da desconfiança global foi intensificada pelas políticas tarifárias de Donald Trump,afetando economias e gerando volatilidade nos mercados. A desconfiança permeia decisões de consumidores e nações,refletindo traumas históricos. A recente suspensão temporária de tarifas não elimina cicatrizes deixadas,evidenciando a complexidade econômica atual. Mudanças abruptas alteram comportamentos e criam incertezas mundiais.

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Existe um motivo para argentinos preferirem guardar dinheiro dentro de nichos em paredes a depositar a poupança no banco; para brasileiros tremerem ao menor sinal de inflação,ainda que os preços hoje subam em um ano menos do que escalavam em uma semana no passado. Ou para países emergentes pagarem a investidores taxas de juros infinitamente maiores e verem reservas internacionais evaporar ao menor sinal de instabilidade. Desconfiança é o sentimento que ajuda a compreender o comportamento de consumidores,famílias,empresas,investidores e nações em reação aos traumas da História. Numa economia global ferida pelo tarifaço intempestivo e inconsequente imposto por Donald Trump,a falta de confiança pavimenta caminhos e baliza estratégias.

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Ainda que o presidente americano,noutro rompante,recue de todas as sanções já anunciadas (ou temporariamente suspensas),a guinada terá deixado cicatrizes em seu próprio país. E no mundo. A variável desconfiança passou a integrar equações de análise de risco e planejamento de quem quer que se relacione com os Estados Unidos. Parceiros e desafetos sabem que Trump — e,por conseguinte,o país que preside — é capaz de rasgar acordos firmados,romper parcerias seculares. Não poderão desconsiderar o que é fato.

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É o fator desconfiança,subjetivo,imaterial,que torna tão grave,profundo,complexo o ambiente econômico neste 2025. Numa cerimônia pública,na semana passada,o presidente do Banco Central,Gabriel Galípolo,resumiu a perplexidade do momento:

— Todo mundo que estudou economia alguma vez na vida achou que os índices de volatilidade e incerteza do Brasil pudessem migrar para economias mais avançadas e,com o tempo,ficar mais parecidos. Eu sempre achei que era porque a gente ia se aproximar deles,não o contrário. Hoje o tema de incerteza e volatilidade parece estar um pouco mais espalhado no mundo.

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Significa dizer que características que separavam,agora,irmanam mercados. Não é por acaso que,no intervalo de dez dias,Bolsas de Valores,moedas,ativos,commodities experimentaram os piores e os melhores momentos em meses,anos,décadas. Num só dia,a última quarta-feira,o dólar no Brasil foi de R$ 5,99 a R$ 6,10; para,em seguida,fechar a R$ 5,84. Depois que Trump anunciou a pausa de 90 dias na taxação adicional a países,exceto China,o Índice Dow Jones,da Bolsa de Nova York,subiu 7,9%,maior alta desde 2020; e o Nasdaq,das empresas de inovação e tecnologia,saltou 12%,melhor resultado num dia desde 2001. Em dois dias da semana passada,depois que a China anunciou a primeira rodada de retaliação à taxação dos Estados Unidos,o Dow Jones acumulou queda de 9,3%,e o Nasdaq despencou 11,4%. O barril do petróleo já recuou entre US$ 10 e US$ 15 e flerta com a barreira de US$ 60,nível de quatro anos atrás.

Afora a queda de braço entre Estados Unidos e China,líder de audiência,blocos econômicos e países fazem conta,abrem negociação,montam estratégias para se livrar,absorver ou devolver a retaliação imposta por Trump. A União Europeia chegou a anunciar tarifa de 25% sobre um conjunto de itens importados dos Estados Unidos; ontem,suspendeu as medidas por 90 dias,prazo idêntico à vigência do recuo do presidente americano. As tarifas adicionais foram suspensas temporariamente; continua valendo a taxação de 10% a todos os países; a China está sobretaxada em 145%,segundo a Casa Branca.

Enquanto autoridades,investidores,economistas e analistas tentam adivinhar o porvir na inflação,na atividade econômica,nas relações comerciais,consumidores e empresas se debruçam sobre as decisões que moldarão o futuro. Há notícias de famílias americanas estocando alimentos para fugir das remarcações,fantasma que assombrou gerações de brasileiros que viveram a hiperinflação. O país já teve filas de carros em postos de combustíveis na véspera de reajuste no preço da gasolina; a classe média comprou freezers para congelar comida e,depois do Plano Real,praticamente aposentou o eletrodoméstico. Institutos de pesquisa e o próprio IBGE,órgão oficial,detectaram mudanças nas cestas de consumo antes e depois da estabilização. Com poder de compra restabelecido,gastou-se mais com iogurte,frango,remédios,até dentadura. Quando a grana aperta,ovos substituem a carne,ultraprocessados — mais baratos,nada saudáveis — tomam o lugar de alimentos in natura.

Nos Estados Unidos,já tem gente preocupada com as decisões microeconômicas — e como influenciarão o planejamento das empresas e a economia como um todo. O país está no limiar de uma inédita mudança de preços relativos,às vésperas de optar entre manter,reduzir ou banir hábitos de consumo. O economista Justin Wolfers,da Universidade de Michigan,no artigo “Americano,sua vida nunca mais será a mesma depois das tarifas de Trump”,publicado no New York Times,foi quem primeiro alertou sobre os riscos à espreita e suas consequências.

— Tarifas pequenas criam problemas pequenos. Tarifas grandes criam problemas enormes.

Lembrou que um aumento substancial de tarifa sobre o abacate importado do México pode levar à troca da guacamole real pela fake nos cardápios; uma máquina de lavar ou um carro mais caros podem obrigar uma família a manter por mais tempo os modelos antigos,menos eficientes no funcionamento e no consumo de energia e combustível. Ele tratou dos Estados Unidos,mas o raciocínio vale para qualquer lugar. Mudanças bruscas e profundas geram desconfiança e mudam comportamentos. Não é só por um punhado de dólares — ou milhões,ou bilhões. Em jogo estão traição entre nações amigas,saúde e bem-estar da população,desempenho da economia,proteção ao meio ambiente e até escalada da violência por xenofobia. O preço é alto para todo mundo. Em todo o mundo.

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