Intolerância tem de ser combatida na memória e hoje
04-18 HaiPress
Visitante no Museu do Holocausto,no Morro do Pasmado,em Botafogo. — Foto: Marcia Foletto / Agência O Globo
RESUMO
Sem tempo? Ferramenta de IA resume para vocêGERADO EM: 17/04/2025 - 22:10
Levante do Gueto de Varsóvia: Resistência e Memória do Holocausto
O Levante do Gueto de Varsóvia,iniciado em 19 de abril de 1943,simboliza a resistência judaica contra o Holocausto. Apesar da repressão brutal,o evento destaca a luta pela sobrevivência e preservação da memória. O "Arquivo Oyneg Shabes" registrou a vida no gueto,desenterrado em 1946,perpetuando histórias que alertam sobre os perigos da intolerância e indiferença. A educação cidadã é vital contra o ódio.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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Em 19 de abril de 1943,começou o Levante do Gueto de Varsóvia — a maior resistência armada judaica da História do Holocausto. Após quase um mês,os poucos sobreviventes ou conseguiram fugir ou foram deportados para campos de concentração e extermínio. A data,no entanto,figura na historiografia como ícone da reação do povo judeu,marcado covardemente para ser exterminado por um governo totalitário,intolerante e racista.
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As formas de resistência — nesse que foi um dos maiores guetos construídos por ordens nazistas,com cerca de 500 mil confinados — não se reduzem ao levante. Entre 1940 e 1943,os judeus,que compunham a maior parte de sua população,procuraram lutar com os parcos recursos que tinham contra epidemias,fome,maus-tratos,morte. Procuraram manter estudos e,sobretudo,registros do que se passava no dia a dia de um espaço superpopuloso,de onde era proibido sair e ter contato com o mundo extramuros — à exceção daqueles selecionados para trabalhos forçados,que saíam e voltavam escoltados.
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Depois do fim da Segunda Guerra Mundial,foram encontrados os escritos do “Arquivo Oyneg Shabes”,coordenado pelo historiador Emanuel Ringelblum com ajuda de dezenas de colaboradores que visavam a descrever aquela vida às avessas para,um dia,o mundo vir a tomar conhecimento. A tarefa teve êxito,pois,graças aos esforços de grupos de buscas e do sobrevivente Hersh Wasser,secretário do Oyneg Shabes,os escritos que haviam sido escondidos em latões de leite foram desenterrados das ruínas do gueto em 1946. Posteriormente foram compilados com outros depoimentos e publicados por Samuel Kassow em “Quem escreverá a nossa história?”. Essas são reações ao genocídio formalizado pelos nazistas,que queriam eliminar vestígios físicos e culturais do povo judeu. Contra isso,as palavras,a escrita,a memória se insurgem.
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Ringelblum e a maioria de seus colaboradores morreram nas mãos dos nazistas. Seus testemunhos e de outras vítimas e sobreviventes alertam o mundo civilizado sobre o que ele se torna quando a perversidade e a indiferença são as palavras de ordem que norteiam governantes. O Holocausto choca porque,da noite para o dia,milhões de cidadãos foram reduzidos à categoria não apenas de párias sociais,mas de não seres humanos — tendo isso sido ensinado em escolas e universidades.
Com o passar dos anos,o investimento na educação para a formação cidadã com respeito à diversidade étnica,cultural,religiosa segue direção oposta à cultura do ódio,do desprezo e da morte. No entanto os radicalismos da atualidade no mundo todo insistem em ensinar as crianças a discriminar,odiar e matar,pegando em armas que muitas vezes pareiam com o tamanho de seu corpo infante.
Resta a reflexão para consequente tomada de posição e busca de meios de ação: qual é o compromisso que cada um de nós escolhe firmar conosco e com as novas gerações?
*Sofia Débora Levy,representante para a Memória do Holocausto do Congresso Judaico Latino-Americano,é diretora educacional do Memorial às Vítimas do Holocausto-RJ e integrante do Conselho Acadêmico da StandWithUs-Brasil