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E agora, Vaticano?

04-24 IDOPRESS

Homenagem ao Papa Francisco em uma escola em Surabaya,cidade da Indonésia — Foto: Juni Kriswanto / AFP

RESUMO

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GERADO EM: 23/04/2025 - 20:13

Possível Reversão na Igreja: O Legado de Francisco em Risco

O artigo reflete sobre o impacto do pontificado de Papa Francisco,frisando que sua abordagem inclusiva e humanitária poderá ser revertida por um papado mais conservador e silencioso. Francisco é visto como progressista,mas,na verdade,buscou resgatar valores fundamentais do cristianismo,como o amor ao próximo. O texto critica a idolatria do mensageiro em detrimento da mensagem e sugere que a Igreja Católica está prestes a enfrentar uma mudança drástica em sua liderança.

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De todos os lutos imagináveis que poderíamos viver na era que vou chamar aqui,em reverencial latim medieval,de “devastatio”,esses dias que os historiadores de 2075 identificarão com espanto ao investigarem que diabos houve com a Humanidade entre o início da pandemia de Covid-19 e a tomada de poder da inteligência artificial,a partir de 2025,o que mais me assombrava é este que vivemos há três dias. Não é só a Igreja Católica que perde Papa Francisco. Aliás,a Igreja Católica ainda não o perdeu e,politicamente,poderia nem perdê-lo totalmente se seguisse o estratégico caminho inclusivo apontado pelo homem que se tornou responsável pelo retorno de milhões de fiéis desgarrados depois de uma debandada histórica para as frentes evangélicas nos anos 1990. Mas não será assim.

Como ditam os princípios do backlash,a contracorrente ideológica de intensidade ainda maior do que a corrente anterior,uma onda já se agiganta no Vaticano para arrebentar sobre todas as insurreições franciscanas e restabelecer a força do pecado e a busca pelo perdão como nota de corte para quem deseja entrar no Reino dos Céus. É preciso retomar a ordem no castelo papal,livrá-lo dos ímpetos sócio-humanitários de Francisco e deixar de fora “questões de Estado” como racismo,feminicídio,miséria urbana,fomes camponesas,extermínios indígenas,homofobia,xenofobia,cegueiras capitalistas,destruições ambientais e guerras expansionistas. A Igreja do devastatio não as entende mais como demandas humanas,mas políticas. Agora,a farra acabou. Vem aí um dos papados mais linha-dura que a Humanidade moderna conheceu. E,ao contrário da política,linha-dura em Igreja se faz no mais absoluto silêncio.

Enterramos Papa Francisco como um progressista. A imagem é bacana,a de um Papa progressista,à frente de seu tempo,no caso de Francisco,é um erro. As coisas estavam tão feias no Vaticano que o primeiro Papa que foi às bases mais profundas de Jesus Cristo para restabelecer seu valor central de amor incondicional ao próximo para,portanto,conservá-lo como um soldado,é enterrado como um progressista. Se fosse judeu,Francisco seria ultraortodoxo. Se muçulmano,xiita. Quando o progresso da Igreja está em sua origem,há 2025 anos,os homens que vieram depois de Cristo se perderam em algum lugar do caminho.

Idolatramos Papa Francisco por ser ele o primeiro dentre as altas batinas,mais do que o precursor dos papas pop,João Paulo II,a vir ungido de star quality,o termo que os americanos do showbiz usam para falar de pessoas que vêm ao mundo com uma estrela sobre a cabeça,artistas raros que cativam multidões. Francisco sorria generosamente para qualquer um,fazia piadas leves e desfazia de luxúrias episcopais. Se não fosse por medo do inferno,o chamaríamos apenas de Chico. Mas algo também o preocupava nesse negócio midiático.

Idolatrar o mensageiro pode ser um mau sinal. Bertold Brecht disse ser “infeliz a nação que precisa de heróis”. A Igreja que vivia em Francisco entende o mesmo sobre fiéis que precisam de ídolos. Cristo via com parcimônia seguidores fãs que se aproximavam com adoração à sua imagem,não à sua palavra. Um povo só coloca o mensageiro no altar mais elevado quando perde alguma conexão com quem enviou a mensagem. O extraordinário Francisco merece cada segundo da espetacularização de sua despedida,mas homenagem boa mesmo seria praticar as reflexões que ele nos trouxe. Algo tão poderoso que mexeu com a estrutura do pecado e colocou em risco a soberania do próprio Vaticano.

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