‘Ouro da Amazônia’: Rico em vitamina C, fruto camu-camu é aposta para nova cadeia sustentável de impacto
09-05 HaiPress
O camu-camu sendo vendido em uma feira — Foto: Divulgação / Fundação Certi
RESUMO
Sem tempo? Ferramenta de IA resume para vocêGERADO EM: 05/09/2024 - 04:31
"Potencial do Camu-Camu: Desafios e Incentivos para uma Cadeia Sustentável na Amazônia"
Um estudo destaca o potencial do camu-camu,"ouro da Amazônia",rico em vitamina C,porém pouco conhecido no Brasil. Instituições planejam impulsionar sua cadeia sustentável. Desafios incluem a escassez de produção e a distância entre comunidades e centrais de abastecimento. O incentivo econômico e a decisão pela produção sustentável são cruciais diante das mudanças climáticas.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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Um pequeno fruto da Amazônia é a maior fonte de vitamina C já identificada na natureza,com uma concentração cem vezes maior que a do limão e 20 vezes maior que a da acerola. Apesar de tanta riqueza nutritiva (e saborosa),o mercado brasileiro praticamente não conhece o camu-camu. Essa realidade é justamente o que instituições de fomento da região amazônica planejam mudar.
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Hoje,enquanto o Peru arrecada milhões de dólares exportando o camu-camu,no Brasil,o fruto está presente,basicamente,em pequenos mercados de rotas turísticas de Roraima e Amazonas,no formato de geleia ou de licor.
Pensando em soluções para impulsionar a cadeia no Brasil,o Instituto de Desenvolvimento da Amazônia (Idesam) e a Fundação Certi publicaram,recentemente,um estudo que traça um raio-x dos obstáculos.
Conhecido como “ouro da Amazônia”,o camu-camu também é chamado de caçari ou araçá-d’água. O fruto pode ser consumido de várias formas,como suco e doces variados,por exemplo.
Além do uso da polpa para alimentação,a semente e a casca são úteis para a indústria cosmética e a farmacêutica. O estudo do Idesam e da Certi identificou que o camu-camu vem sendo usado na fabricação de uma bebida consumida nos Estados Unidos e de um cosmético na Alemanha.
Pesquisador André Noronha — Foto: Divulgação / Fundação Certi
A ocorrência da “superfruta” é observada,principalmente,na beira de rios,nas regiões Oeste e Norte da Amazônia,em especial nos estados do Amazonas e de Roraima. Comunidades ribeirinhas são seus principais consumidores,e doces do fruto são pontualmente encontrados em passeios turísticos pela floresta. O estudo identificou que menos de uma dezena de toneladas de polpa é exportada da Amazônia brasileira anualmente.
Hoje,o camu-camu é pouco conhecido até na Região Norte. Coordenador do Centro de Economia Verde da Fundação Certi,André Noronha disse que,no desenvolvimento do estudo,verificou-se que 90% dos moradores de Roraima não conheciam o fruto.
— Não é novidade que a Amazônia tem potencial gigantesco pouco explorado. Não teve investimento suficiente nas cadeias produtivas para fazer a floresta prosperar de maneira sustentável. O Japão tem três vezes mais espécies catalogadas na nossa Amazônia do que nós — explica Noronha.
Uma dificuldade da cadeia produtiva do camu-camu é a distância entre as comunidades ribeirinhas extrativistas e possíveis centrais de abastecimento. Assim,uma proposta seria aproximar pequenos barcos com equipamentos de coleta e processamento,como é feito com o açaí.
Mas,para a cadeia ganhar escala,é necessário aumentar o volume de produção.
— Temos uma cadeia em potencial,com tecnologia agrícola disponível e mapeamento de onde o fruto ocorre — diz Noronha.
O passo seguinte seria o incentivo econômico,partindo para um modelo sustentável de produção.
— Queremos continuar tirando floresta ou achar uma forma de produzir e continuar com ela? Há uma decisão a ser feita nos próximos poucos anos que vai repercutir no resto das nossas vidas — explica Noronha,referindo-se ao contexto das mudanças climáticas. — Já estamos engolindo tantas consequências bizarras que não dá mais para fechar os olhos. Para a urgência florestal que temos,precisamos de reação à altura da pressão que a gente sofre.