Uma escolha reveladora
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Elon Musk (dir.) sobe ao palco para se juntar a Donald Trump durante comício de campanha em Butler,na Pensilvânia — Foto: Jim WATSON / AFP
RESUMO
Sem tempo? Ferramenta de IA resume para vocêGERADO EM: 13/11/2024 - 23:28
Elon Musk e Twitter: Polêmicas Políticas e Impactos Econômicos
Elon Musk se envolve em polêmicas ao usar o antigo Twitter para fazer campanha política,apoiar Trump e atacar o STF no Brasil. Sua nomeação para o governo de Trump gera preocupações sobre conflitos de interesse. A atuação de empresários na política e as relações internacionais são afetadas,com possíveis boicotes ao antigo Twitter e impactos econômicos,especialmente com a China. A indicação de Mark Rubio como secretário de Estado também gera controvérsias,especialmente em relação ao Brasil e a Lula.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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Entre as escolhas de Donald Trump para seu futuro governo nos Estados Unidos,uma chamou a atenção pelo inusitado da situação: a indicação do homem mais rico do mundo,Elon Musk,para uma secretaria criada para ele com intuito de melhorar a eficiência do governo. Seria o caso de cortar todos os contratos que suas empresas têm com o governo americano,para evitar conflitos de interesse. Mas isso não acontecerá,e a falta de escrúpulos do presidente eleito e do futuro secretário denota uma disposição de implementar a todo custo medidas drásticas,com pessoas de confiança absoluta.
O uso da plataforma X por Musk para fazer a campanha de Trump,a favor de valores da direita internacional,até no Brasil,para defender Bolsonaro e atacar o STF,mostra claramente que ele comprou o antigo Twitter para fazer política e defender seus interesses. Não tem qualquer responsabilidade sobre o que publica,desde que seja a seu favor. Agora,Musk indo para o governo,o X perde completamente a credibilidade.
O jornal inglês The Guardian já avisou que não usará mais o aplicativo,porque virou instrumento do governo americano. Não há problema em empresário virar ministro,desde que não tenha usado,e não venha a usar,seu poder para fazer campanha para candidato ou em benefício próprio. Apoiar ou financiar campanhas é normal dentro do jogo democrático,mas fazer o que Musk fez e faz — usar o aplicativo a favor de seu candidato,soltando fake news contra os adversários e dando só notícias favoráveis a Trump — deveria ser impedido por uma regulação necessária em todos os países.
No Brasil,o X foi usado descaradamente na campanha contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e provavelmente será novamente,agora que “o homem mais rico do mundo” trabalha para o “homem mais poderoso do mundo”,na visão dos bolsonaristas. Só o entusiasmo de Bolsonaro e sua prole com a volta ao poder de seus amigos americanos revela uma visão retrógrada das relações internacionais. Desejar que um presidente de outro país use seu alegado poder de pressão sobre a Justiça brasileira para tornar o ex-presidente brasileiro elegível,anulando a decisão do Tribunal Superior Eleitoral,é assumir que o país que governou e pretende governar não tem autonomia e pode virar fantoche nas mãos do mais poderoso.
O X sofrerá boicote forte,tanto internamente quanto noutros países do mundo que considerarem ter havido uso indevido dos aplicativos de rede social e pressão econômica que não pode haver como integrante de um governo. O caso de Musk é ainda mais grave,porque ele tem contratos com o governo americano com sua empresa Starlink,de satélites,e contratos com a Nasa.
Outra dificuldade que Musk encontrará tem relação com a China,que Trump considera inimiga dos Estados Unidos. Musk tem fábrica do carro elétrico Tesla na China. Se Trump impuser mesmo taxas de 60% em produtos chineses importados,perderá muito dinheiro. A não ser que decida levar sua fábrica para os Estados Unidos. A entrada de Musk no governo Trump promove uma distorção inaceitável do papel de empresários na definição de políticas públicas.
A confirmação do senador Mark Rubio como secretário de Estado informa também que o presidente eleito está disposto a estressar ao máximo as disputas,indicando políticos que,além de fiéis,são radicais em seus posicionamentos,não dando margem a negociações. No caso de Rubio,a situação do Brasil sob Lula é delicada,pois o futuro secretário considera o presidente brasileiro um comunista de quatro costados. É um equívoco,que beneficia Bolsonaro. Não deve ser prioridade para o governo dos Estados Unidos,nem motivo para uma pressão diplomática extemporânea. Mas é um complicador nas relações bilaterais.