EUA ruma ao imprevisível, com mundo a tiracolo
01-03 IDOPRESS
Elon Musk e o presidente eleito dos EUA,Donald Trump — Foto: Justin Merriman/Bloomberg
RESUMO
Sem tempo? Ferramenta de IA resume para vocêGERADO EM: 02/01/2025 - 23:50
Retorno de Trump: Impacto Global e Cautela no Brasil
Os EUA caminham para um cenário imprevisível com o retorno de Trump,gerando preocupações globais. Sua postura agressiva e instável pode desestabilizar o comércio internacional e provocar reações de líderes como China e Rússia. O Brasil,especialmente com Lula no poder,precisa adotar cautela diante da imprevisibilidade e potenciais conflitos decorrentes das ações de Trump.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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Quando a principal potência econômica,política e bélica do mundo escolhe mergulhar na imprevisibilidade,o mundo tem razões concretas para prender a respiração. E os Estados Unidos avançam de forma vertiginosa nessa direção.
Falta pouco mais de duas semanas para a volta de Donald Trump ao poder. Sua saída da Casa Branca foi marcada pela invasão do Capitólio,e seu regresso se dá poucos dias depois dos eventos ainda não esclarecidos,com grandes suspeitas de ser ataques terroristas de alguma forma conectados,em Nova Orleans e Las Vegas.
Trump,é claro,se apressou em tirar conclusões antes mesmo de o FBI iniciar as investigações,associando sem nenhuma evidência os ataques a imigrantes ilegais. Essa forma descuidada de lidar com questões sérias é apenas uma das muitas características que representam motivos reais para apreensão global com um presidente que os americanos conhecem bem e,ainda assim,decidiram reconduzir ao poder.
É muito diferente quando países como Argentina ou mesmo o Brasil optam nas urnas por flertar com outsiders de discurso inflamado e soluções fáceis e de rápida absorção para problemas complexos que requerem constância e o exercício desapaixonado da política.
Nem Javier Milei nem Jair Bolsonaro têm,por mais que impactem as vidas das populações de seus próprios países,o potencial de agravar rápida e perigosamente a situação de um mundo já bastante desequilibrado em muitos aspectos que se decida analisar,das guerras a um estranho e ainda não dado alinhamento das demais potências geopolíticas. Trump tem,prometeu fazê-lo,e o ambiente que se forma nos dias que precedem sua volta ao Salão Oval vão se configurando especialmente perigosos diante de seu voluntarismo cáustico.
Para o Brasil,sua eleição sempre foi motivo de preocupação. As declarações que deu no fim de 2024,reclamando da política brasileira de taxação de produtos americanos e prometendo revidar,são uma pequena prévia de quão difícil será para o governo Lula,dada a antipatia ideológica recíproca,lidar com a imprevisibilidade que o republicano promete instalar no comércio exterior,uma das áreas em que suas bravatas de campanha foram mais eloquentes.
A composição do ministério de Trump,com um misto de arrivistas,ressentidos,negacionistas e bilionários com interesses próprios a defender a partir de dentro,quando não uma combinação desses currículos,não permite que se tenha nenhum otimismo quanto ao que está por vir. Que os americanos tenham dado um novo voto a esse pacote é quase inacreditável,assim como a constatação óbvia de que o deram ignorando por completo o peso que seu país tem no tabuleiro mundial.
Diante de um cenário em tudo digno de um daqueles filmes hollywoodianos de distopias pouco críveis e atores canastrões,convém ao governo brasileiro,Lula em especial,adotar uma prudência muito maior que aquela que vem demonstrando nas questões de política externa. Não será possível ao presidente brasileiro responder à verborragia trumpista com falas de improviso,sem alinhamento prévio e milimétrico com o Itamaraty,sob pena de levar o Brasil a entrar no jogo de War desarrazoado para o qual Trump parece pretender arrastar os demais países,com maluquices como as ameaças de anexar o Canadá ou o Canal do Panamá.
Quando essas mesmas maquinações,que seriam só infantis se não partissem de quem partem,atingirem países como China ou Rússia,onde há líderes dispostos a responder na mesma moeda ou até dobrar a aposta,o impacto será ainda maior. Serão quatro anos durante os quais o mundo será profundamente impactado,e não parece haver atores relevantes no campo das organizações multilaterais para fazer frente a tamanho risco.