Ministros do STF pediram a Alexandre de Moraes para ‘maneirar’ decisões
08-12 HaiPress
Alexandre de Moraes participa de evento em Tribunal de Contas do Estado de São Paulo — Foto: Maria Isabel Oliveira/O Globo
Pelo menos dois ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) pediram a Alexandre de Moraes na semana passada que adotasse mais cautela em suas decisões no processo da trama golpista,em reação à crise deflagrada por sua decisão de colocar Jair Bolsonaro em prisão domiciliar.
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De acordo com interlocutores dos três,Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso tiveram conversas reservadas com Moraes em que deixaram claro o incômodo com a forma como a decisão foi tomada – de ofício,sem consultar nem a Procuradoria-Geral da República (PGR) e nem os outros integrantes da Corte. Questionados,Barroso disse que sempre mantém conversas amistosas com os colegas,e Mendes afirmou que “jamais” tratou do assunto com Moraes.
Relatos feitos pelos próprios ministros a interlocutores são de que não houve briga ou discussão,até porque Moraes não reage bem à pressão.
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Dada a maior proximidade,porém,deram um toque no colega de Supremo,por assim dizer. Outros ministros também afirmaram nos bastidores não terem gostado nem da decisão e nem de suas consequências,mas não se sentem à vontade para falar sobre isso diretamente com o relator dos inquéritos contra o bolsonarismo.
Moraes,por sua vez,deixou claro aos dois que não pretende recuar. Em discurso na abertura dos trabalhos após o fim do recesso do Judiciário,ele comparou quem instiga ataques dos EUA a autoridades brasileiras a “milicianos do submundo do crime”.
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Questionada sobre as conversas,a Secretaria de Comunicação Social do STF enviou uma nota dizendo que "o ministro Luís Roberto Barroso conversa,habitualmente,com diversos segmentos da sociedade. E conversa,internamente,com todos os colegas,sempre de maneira franca e amistosa". Já o ministro Gilmar Mendes respondeu que ”Jamais disse nada” a Moraes sobre isso.
Defesa pública
Na semana passada,o incômodo e as críticas dos magistrados à decisão de Moraes foram objeto de diversas reportagens,mas em público Gilmar Mendes negou qualquer climão ou isolamento de Moraes.
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Depois de uma palestra,Mendes inclusive disse que não houve "nenhum desconforto". "O ministro Alexandre tem toda a nossa confiança e o nosso apoio",afirmou.
Disse,ainda,que “seria inadmissível que nós,nas nossas pretensões comerciais,exigíssemos mudanças de entendimento da Suprema Corte americana. Isso seria impensável. Da mesma forma,também isso se aplica ao Brasil".
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Apesar da aparente tranquilidade,os ministros estão preocupados com o alcance das sanções de Donald Trump,que vem ameaçando estender as restrições da Lei Magnitsky aos parentes de Moraes e a outros ministros do Supremo.
Na semana passada,Moraes,Gilmar e Cristiano Zanin tiveram uma reunião com um grupo de banqueiros para saber até onde achavam que Trump poderia avançar em sua escalada contra o Brasil.
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Ouviram que,mesmo que quisessem,os bancos não poderiam driblar os bloqueios. No momento,as sanções sobre Moraes atingem transações com dólar,mas não impedem seus alvos de utilizar o sistema financeiro e nem os bancos ligados ao sistema Swift,que executa transferências internacionais.
A avaliação feita aos ministros é que no momento a situação ainda é “corrigível”,mas não é improvável que a mulher de Moraes,a advogada Viviane Barci,e outros magistrados,também sejam atingidos.
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